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‘Novela de 12 anos’, obra do centro de radioterapia do HRMS terá mais um atraso

‘Novela de 12 anos’, obra do centro de radioterapia do HRMS terá mais um atraso

Centro de radioterapia do HRMS é aguardado desde 2012 e envolveu até disputa judicial entre União e empreiteira

Priscilla Peres – Publicado em 05/01/2025 – 08:00

Campo Grande, Dourados

marcelo-leal-6pcGTJDuf6M-unsplash-300x200 ‘Novela de 12 anos’, obra do centro de radioterapia do HRMS terá mais um atrasoA conclusão do aguardado centro de radioterapia do HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul), no Aero Rancho, em Campo Grande, confirma-se como uma extensa novela. Isso porque, 12 anos depois de seu anúncio, a obra sofreu mais um atraso. Desta vez, dificuldades na contratação de mão de obra do empreendimento, cuja obra física está 55% pronta, forçaram o novo adiamento.

Antes prevista para o segundo semestre do ano passado, agora, a entrega do prédio do centro de radioterapia do HRMS é esperada até o fim de junho deste ano – ainda não há uma data exata. Já o início das operações depende de outras questões, como a contratação de pessoal.

Enquanto isso, um serviço sensível e essencial para boa parte da população, alvo inclusive de uma “Máfia do Câncer”, segue à espera de ampliação.

Vale lembrar que o projeto do centro de radioterapia do HRMS começou a sair do papel ainda em 2012, isto é, são quase 12 anos de atrasos. Enquanto isso, a fila de pacientes de câncer no Estado fica sem contar com esta unidade de radioterapia.

Falta de mão de obra atrasou centro de radioterapia do HRMS

O Ministério da Saúde, responsável pelo investimento, afirma que a obra do centro de radioterapia do HRMS está 55% concluída, “conforme relatório do Plano de Expansão da Radioterapia no SUS”. Antes de a EMIBM Construções e Inovações Ltda. assumir o canteiro, o percentual era de 25%.

Ainda conforme o Ministério da Saúde, “a empresa responsável pela execução dos trabalhos apresentou dificuldades na contratação de mão de obra, contribuindo para um atraso no cronograma previsto inicialmente”. A expectativa é que a obra seja finalizada no primeiro semestre de 2025, complementou a pasta.

Desde 2008, o Hospital Regional está sem o serviço de radioterapia, penalizando pacientes de todo o Estado. Embora tenha sido incluída no plano federal de expansão do serviço ainda em 2012, a unidade do HRMS sofreu uma série de atrasos.

Pouco após ser criada expectativa de melhoria no serviço de radioterapia, a Operação Sangue Frio, da Polícia Federal, revelou irregularidades no tratamento de pacientes oncológicos no Estado. Uma “Máfia do Câncer” agiria para desviar recursos públicos do setor, conforme apontaram autoridades policiais e o Ministério Público.

Em julho de 2023, Ministério da Saúde e SES (Secretaria de Estado de Saúde) encaminharam tratativas para retomar a obra. Naquele momento, a média de atendimentos era de 160 sessões de radioterapia por mês nas 3 unidades habilitadas até então. São elas: HCAA (Hospital de Câncer Alfredo Abrão) e Humap (Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian), ambos em Campo Grande, e o Hospital Cassems de Dourados.

Atualmente, apenas o Humap atende a 18 casos de radioterapia por semana, regulados pelo Sisreg (Sistema de Regulação). A unidade trata no momento 41 pacientes concomitantemente no serviço. Desde 20 de dezembro de 2021, quando da sua reabertura, até dezembro do ano passado, mais de 1.050 pacientes passaram pelo local. Procurado, o HCAA não informou seu quantitativo de pacientes.

Empreiteira foi à Justiça cobrar indenizações da União

O centro de radioterapia do HRMS era de responsabilidade da Engtech Construções e Comércio Ltda.-EPP. A construtora capitaneava outros projetos do tipo pelo país. Porém, em meio a problemas em uma obra em Roraima e da aplicação de penalidade administrativa, solicitou perícia técnica em diversos de seus canteiros de obras pelo país contratados pelo Governo Federal.

Apontando “empecilhos intransponíveis”, a Engtech exigiu na Justiça indenizações por prejuízos sobre os quais não teria responsabilidade nos canteiros de obras. As obras pararam em 2019. O MPF (Ministério Público Federal) entrou em campo para apurar a paralisação das obras no HRMS, então 25% prontas.

creditos: midiamax

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